Evento traz especialistas de todo o país para apresentar atualizações científicas e diferentes aspectos do tratamento odontológico de pacientes especiais

Os cirurgiões-dentistas precisam estar preparados para atender pacientes com diferentes necessidades. “Pacientes especiais não são apenas aqueles que apresentam deficiências físicas e transtornos mentais, mas também problemas renais, cardíacos e endócrinos, por exemplo”, esclareceu a professora Dr.a Tatiane Marega, em sua palestra “Aspectos de Interesse no Tratamento Odontológico do Paciente com Diabetes”, que abriu o II Encontro Odontologia Especial, na Faculdade São Leopoldo Mandic, em Campinas. O evento começou hoje, dia 31 de agosto, e vai até amanhã, 1 de setembro.

Marega fez uma ampla exposição teórica sobre o diabetes: prevalência, subclasses e tipos, causas (fatores genéticos e autoimunes), manifestações clínicas (sintomas em crianças e adultos), terapêutica medicamentosa, preparos insulínicos e os protocolos que os diabéticos seguem para controlar a doença.

“Temos 12 milhões de diabéticos no país, então é grande a probabilidade de chegar um paciente diabético no consultório odontológico. O dentista precisa estar preparado para atendê-lo e para saber conversar com os médicos quando é necessário”, falou a professora da Pós-graduação em Odontologia para Pacientes Especiais, da São Leopoldo Mandic e autora do livro Odontologia Especial, publicado pela Editora Quintessence.

O atendimento clínico e o planejamento do tratamento odontológico do paciente diabético foram amplamente discutidos durante a palestra. Marega enfatizou que o dentista não deve fazer cirurgias sem requisitar a seus pacientes diabéticos o exame de hemoglobina glicada ou glico-hemoglobina, que tem validade de 3 meses. “Não existe extração de emergência em paciente diabético sem o exame de hemoglobina glicada. É com o resultado desse exame que o dentista sabe se deve ou não realizar uma cirurgia”, explicou a professora.

Esse exame deve ser exigido de todos, já que muitas vezes o paciente não sabe que é diabético. “O dentista também deve estar atento às manifestações clínicas da doença. Uma das mais evidentes é o pé diabético. Um machucado no pé que não cicatriza é uma evidência forte de descontrole da doença”, lembrou Marega.

Alterações comuns na boca do diabético – Na palestra ainda foram expostas as principais alterações que podem ser notadas na boca do paciente, e às quais o dentista precisa estar atento. Candidíase bucal, doença periodontal, hálito cetônico, boca seca, maior ocorrência de cáries e abscessos periodontais são algumas delas.

Os profissionais que assistiram à palestra receberam informações importantes sobre como lidar com os pacientes diabéticos no caso de implantes e procedimentos endodônticos, fazer a profilaxia antibiótica e administrar soluções analgésicas. “O diabético precisa fazer acompanhamento frequente no consultório odontológico, a cada 4 ou 6 meses, para manter a sua saúde bucal”, concluiu Marega.

  

Programação – O II Encontro Odontologia Especial conta com palestras de especialistas de todo país, como Rogério Heládio Lopes Motta, Regina Maria Holanda de Mendonça, Francisco Groppo, Paulo de Camargo Moraes, Cátia C. Nass Sebrão, além de Isabel González Valdovinos, convidada do Chile para este evento.

Eles apresentam e discutem com os participantes os temas: “Aspectos odontológicos no cuidado à criança e adolescente com câncer”; “Bifosfonatos e Odontologia”; “A utilização do laser no dia a dia do consultório odontológico”; “Interações Medicamentosas em Odontologia”; “Atenção Odontológica para Pacientes com Necessidades Especiais: trabalho multidisciplinar e realidade chilena”, e “Patologias das glândulas salivares”.