Pesquisa da Faculdade São Leopoldo Mandic desenvolve superfície nanoestruturada que facilita procedimentos de implante
Inovação reduz pela metade o tempo de tratamento, além de proporcionar integração eficaz ao organismo do paciente
Uma nova superfície nanoestruturada foi desenvolvida para aprimorar os tratamentos de implante. O modelo denominado IntraOss Nano Active traz uma inovação significativa para a Implantodontia, pois ele possibilita acelerar e maximizar a osseointegração, resultando em experiências mais eficazes e dinâmicas para os pacientes. A novidade foi produzida pelo Dr. André Antonio Pelegrine, da área de Implantodontia da Faculdade São Leopoldo Mandic, em parceria com a empresa IntraOss e o Departamento de Engenharia de Materiais da Unesp, resultando em um pedido de patente.
Uma parte da fase de testes da superfície IntraOss Nano Active foi feita na Universidade da Califórnia, onde o Dr. André Antonio Pelegrine fez parceria como professor visitante. Outro resultado da parceria foi a publicação do estudo que mostrou a relevância desta nova superfície, na revista científica Journal of Clinical Medicine, em 2019.
Com a nanotecnologia, os tratamentos de implante são reduzidos pela metade do tempo, pois a superfície apresenta maior molhabilidade e hidrofilia, possibilitando uma aderência maior de células ósseas e sanguíneas no local do implante. “Um tratamento que levava de três a quatro meses para ser concluído, agora com o IntraOss Nano Active durará menos de quarenta dias. Outro ponto relevante é que a literatura científica vem mostrando que superfícies nanoestruturadas possuem maior tolerância com relação às bactérias relacionadas ao desenvolvimento da peri-implantite”, afirma Dr. André Antonio Pelegrine, da Faculdade São Leopoldo Mandic.
O estudo para o desenvolvimento dos implantes IntraOss Nano Active começou em 2017. A nova superfície estará disponível no mercado a partir do segundo semestre deste ano.
Patente desenvolvida na SLMANDIC cria artefato para amortecer o impacto da mastigação sobre implantes e tecidos peri-implantares
Implantes dentais e próteses são tratamentos comuns em Odontologia, mas que estão sujeitos a tensões durante a mastigação que podem levar ao aparecimento de microfendas. Essas microfendas ficam entre os componentes protéticos e a plataforma dos implantes, onde pode haver acúmulo de fluidos bucais favoráveis ao desenvolvimento de inflamações.
Para solucionar esse problema, Reynaldo Porcaro Filgueiras, doutor em Clínicas Odontológicas pela Faculdade São Leopoldo Mandic, criou um componente que poderia amenizar as tensões geradas pela mastigação sobre o implante, os componentes protéticos e os tecidos peri-implantares – que circundam os implantes – do paciente.
“Pensei nesse artefato depois de observar os trabalhos científicos e as evidências clínicas das intercorrências na implantodontia, causadas pela mastigação e pelos hábitos parafuncionais [que causam pressões inadequadas na articulação temporomandibular, como bruxismo, roer unhas, colocar objetos entre os dentes], que podem levar ao insucesso de todo o tratamento”, afirma o Dr. Reynaldo.
O cirurgião-dentista criou o “Artefato para amortecer o impacto mastigatório sobre implantes dentários e tecidos peri-implantares” durante o doutorado na Faculdade São Leopoldo Mandic, que originou o depósito de registro de patente de invenção no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual). O trabalho foi orientado pela professora Dr.a Fabiana Mantovani Gomes França.
O componente é um anel de polipropileno com um orifício central, de diâmetros externo e interno semelhantes às dimensões da plataforma do implante. A espessura do anel depende do componente protético utilizado. Ele deve ser inserido entre um implante dentário e um componente protético, além de estabilizado por um parafuso protético, o que evita o contato entre os metais. “As tensões seriam amortecidas por causa da propriedade elástica do material”, explica o inventor da patente.
O polímero foi escolhido para ser a matéria-prima do anel porque possui algumas vantagens em relação a outros materiais, como resistência ao impacto, a produtos químicos e ataques biológicos, auto-lubrificação que dispensa qualquer manutenção, alta absorção de ruído, é livre de corrosões, oxidação ou incrustações.
O Dr. Reynaldo afirma que “o produto pode proporcionar longevidade e qualidade para os implantes, o que impacta em melhor qualidade de vida aos pacientes” e explica que, para ser produzido em escala comercial, o componente ainda passará por inúmeros testes laboratoriais na São Leopoldo Mandic.
Aluno da SLMANDIC defende tese de doutorado sobre patente de mini-implante duplo para ancoragem ortodôntica
Os sistemas de ancoragem são importantes nos tratamentos ortodônticos, mas sempre representaram um desafio por serem complexos e dependerem da colaboração dos pacientes. Na atualidade, os mini-implantes passaram a ser amplamente utilizados. Eles ficam camuflados no interior da boca, o que evita desconfortos sem interferir na estética. São pontos de apoio fixos, que não dependem da colaboração dos pacientes.
Porém, uma das maiores preocupações com relação aos mini-implantes é o risco de lesões às raízes dos dentes, quando são introduzidos no meio deles. Para minimizar os riscos de trauma radicular, Marcelo Campos, aluno da Faculdade São Leopoldo Mandic, em Campinas, desenvolveu seu projeto de doutorado “Mini-implante duplo com tripla rosca para ancoragem ortodôntica”. A tese foi defendida na última sexta-feira, dia 21 de setembro. A banca examinadora foi composta pelos professores Dr. Marcelo Sperandio e Dr. Aguinaldo Garcez Segundo, da SLMANDIC, e Dr.a Tatiana Meulman e Dr.a Juliana Maia, doutoras pela Unicamp.
De acordo com Marcelo, o mini-implante desenvolvido por ele é menos invasivo, sendo formado por duas peças, sendo curto, oco e com tripla rosca, o que aumenta a área de contato e otimiza a estabilidade primária. “A técnica de aplicação é simplificada e, quando há espessura óssea adequada, pode ser utilizado até sobre as raízes dentárias. É uma ferramenta de grande versatilidade em meio aos acessórios de ancoragem esquelética ortodônticos tradicionais”, afirma.
Por suas características inovadoras, o mini-implante duplo desenvolvido na São Leopoldo Mandic, teve sua patente registrada no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Intelectual). Para a orientadora da tese, a Prof.a Dr.a Daiane Cristina Peruzzo, “o projeto de patente é o trabalho que interfere de forma mais direta para o desenvolvimento da ciência e tem como objetivo facilitar as atividades clínicas do ortodontista e, principalmente, otimizar o tratamento para o paciente”.
Brocas expansoras: patente desenvolvida na São Leopoldo Mandic viabiliza implantes menos traumáticos
Pesquisador da SLMANDIC criou um kit de brocas expansoras que dispensa o uso de martelos e outros instrumentos que podem causar desconforto ao paciente
É comum o implantodontista se deparar com pouca estrutura óssea nos maxilares dos seus pacientes para instalar implantes. Um dos motivos dessa perda óssea é decorrente da periodontite, que é uma inflamação que acomete os tecidos que sustentam os dentes. O cirurgião-dentista pode reconstruir o osso perdido, expandindo-o para as laterais. Para isso, ele usa alguns instrumentos que causam desconforto nos pacientes, ou faz enxertos com biomateriais, que elevam os custos do tratamento reabilitador com implante.
Uma patente, desenvolvida na Faculdade São Leopoldo Mandic, pelo implantodontista Dr. Bruno Giacomini, em seu projeto de mestrado, viabiliza a expansão óssea lateral por meio de brocas expansoras, que dispensam o uso do martelo e a realização de enxertos ósseos em bloco.
A broca criada por Giacomini entra no osso fragilizado por uma fenda, gira lentamente e faz com que as paredes ósseas se afastem para os lados, o que facilita a colocação do implante. No mercado já existem alguns dispositivos semelhantes, como, por exemplo, os expansores rotatórios. Porém, eles são feitos para serem usados com uma catraca ou adaptadores de contra-ângulo.
“A ideia da patente surgiu por causa dos questionamentos dos meus pacientes. Eles me perguntavam como alguém ainda não havia pensado numa maneira de eliminar o uso do martelo, diante de tantas inovações tecnológicas”, conta o pesquisador. Ele afirma que analisou os materiais existentes no mercado, e percebeu que o que importa é a parte lisa da ferramenta, onde as roscas estão inseridas. É essa parte lisa que faz a expansão do osso, e não a rosca. “A rosca apenas guia a penetração da parte lisa do dispositivo expansor no osso. Essa parte lisa deve ser cônica para expandir o tecido”.
O implantodontista avalia que a patente criada por ele pode corrigir alguns problemas nas técnicas existentes com expansores convencionais, tais como desvio do eixo de perfuração inicial do osso e modificação do espaço tridimensional protético.
“Desenvolvemos um expansor no formato de uma broca que faz um movimento contínuo, que não oscila durante as rotações. Ela tem uma rotação constante retilínea, não fica chicoteando”. Ele explica que essa ferramenta pode melhorar as técnicas já existentes, como a Ridge Split – que classicamente utiliza martelo e cinzel para possibilitar a expansão óssea e a colocação do implante.
“Essa patente pode tornar o implante menos invasivo e traumático, viabilizando tratamentos de excelência com o menor desconforto possível para os pacientes”, avalia a professora Dr.a Daiane Peruzzo, da Faculdade São Leopoldo, que orientou o projeto de mestrado de Giacomini.
Protótipo
Um protótipo foi produzido com brocas de várias espessuras, para que possam ser usadas de acordo com a necessidade do implantodontista. Giacomini explica que, embora a patente já tenha sido registrada no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual), ainda não surgiu a oportunidade de produzir o kit em larga escala. “Preciso fazer algumas melhorias, além de elaborar e divulgar um protocolo de uso para que as brocas expansoras sejam usadas da forma correta, sem danos ou intercorrências durante o procedimento cirúrgico”.
Patente desenvolvida na Faculdade São Leopoldo Mandic atenua dor causada por injeção de anestesia
Injetor Mecânico de Anestésicos propicia a injeção de anestésicos de forma lenta e controlada, o que ameniza a dor e a ansiedade dos pacientes que precisam fazer tratamentos odontológicos
Ir ao dentista é um pesadelo para a maioria das pessoas. E o principal motivo é a dor causada pela injeção de anestesia local, necessária em vários procedimentos odontológicos. Mas um novo dispositivo mecânico promete acabar com a agonia de quem precisa ir ao dentista, pois minimiza a dor sentida pelos pacientes, por meio da injeção controlada, lenta e constante da anestesia.
O Injetor Mecânico de Anestésicos foi desenvolvido na Faculdade São Leopoldo Mandic, em Campinas (SP), por um Implantodontista de Curitiba (PR), Dr. Dilgênio Tiburski Júnior, que se inspirou em seus próprios pacientes para desenvolver o produto. “Fiz uma pesquisa rápida entre os meus colegas, amigos e alguns colaboradores da minha clínica e perguntei a eles qual era o principal motivo deles para retardar ou, até mesmo, para não marcar consultas com o dentista. E, em primeiro lugar, foi relatado o medo da anestesia”, conta Tiburski.
Ele revela que também se baseou no medo que sua mãe, Wilba Tiburski, sente de ir ao dentista para criar o injetor. “Minha mãe só vai ao dentista quando sente algum desconforto, ou seja, quando já está com algum problema nos dentes. Por esse motivo, fiquei pensando como eu poderia ajudar as pessoas a sentirem menos dor por causa da anestesia. Foi aí que nasceu a ideia do Injetor Mecânico de Anestésicos”.
O Injetor Mecânico de Anestésicos já teve sua patente registrada no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Intelectual), e é o projeto de doutorado de Tiburski. Alguns exemplares do dispositivo foram fabricados para teste, e duas indústrias já se interessaram em produzi-lo em larga escala. Todos os testes realizados até o momento foram bem-sucedidos. “Os pacientes relataram que sequer perceberam que estavam sendo anestesiados com o dispositivo, o que nos deixou muito felizes e também esperançosos”, comemora o dentista.
Custo baixo
Existem no mercado alguns dispositivos que fazem a injeção eletrônica de anestesia, também de forma lenta e controlada, o que reduz a dor sentida pelos pacientes. Porém, o preço deles pode chegar a R$ 8 mil, o que o torna inacessível especialmente para o sistema público de saúde. Já o custo final do dispositivo, que foi desenvolvido na SLMANDIC, ficará em torno de R$ 100 a 150, de acordo com Tiburski.
O Implantodontista explica que o baixo custo vai possibilitar que muitos profissionais tenham esse novo dispositivo no consultório. “Os dispositivos eletrônicos de anestesia já existem há muitos anos, mas a maioria dos dentistas nem sabe que eles existem ou nem pensam em comprá-los por causa do valor alto demais”.
Como funciona
O Injetor Mecânico de Anestésicos é composto por um corpo que se assemelha muito a um carpule – seringa usada na aplicação de anestesia dentária. A diferença para o carpule tradicional, é que ele possui um dispositivo rotacional que, com os movimentos controlados por um motor de implante ou um motor de endodontia, gradua a quantidade de anestésico a ser injetado.
“Por meio de marcações no injetor, o dentista consegue saber a quantidade exata de anestésico que está colocando na aplicação. E o anestésico é injetado de forma constante, lenta e gradual”, explica a professora da SLMANDIC, Dr.a Daiane Cristina Peruzzo, que foi orientadora de Tiburski em seu projeto de doutorado. Para Peruzzo, essa patente “otimiza o procedimento clínico, reduz a sensação dolorosa e a ansiedade e aumenta o conforto do paciente”.