Patente desenvolvida na SLMANDIC cria artefato para amortecer o impacto da mastigação sobre implantes e tecidos peri-implantares
Implantes dentais e próteses são tratamentos comuns em Odontologia, mas que estão sujeitos a tensões durante a mastigação que podem levar ao aparecimento de microfendas. Essas microfendas ficam entre os componentes protéticos e a plataforma dos implantes, onde pode haver acúmulo de fluidos bucais favoráveis ao desenvolvimento de inflamações.
Para solucionar esse problema, Reynaldo Porcaro Filgueiras, doutor em Clínicas Odontológicas pela Faculdade São Leopoldo Mandic, criou um componente que poderia amenizar as tensões geradas pela mastigação sobre o implante, os componentes protéticos e os tecidos peri-implantares – que circundam os implantes – do paciente.
“Pensei nesse artefato depois de observar os trabalhos científicos e as evidências clínicas das intercorrências na implantodontia, causadas pela mastigação e pelos hábitos parafuncionais [que causam pressões inadequadas na articulação temporomandibular, como bruxismo, roer unhas, colocar objetos entre os dentes], que podem levar ao insucesso de todo o tratamento”, afirma o Dr. Reynaldo.
O cirurgião-dentista criou o “Artefato para amortecer o impacto mastigatório sobre implantes dentários e tecidos peri-implantares” durante o doutorado na Faculdade São Leopoldo Mandic, que originou o depósito de registro de patente de invenção no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual). O trabalho foi orientado pela professora Dr.a Fabiana Mantovani Gomes França.
O componente é um anel de polipropileno com um orifício central, de diâmetros externo e interno semelhantes às dimensões da plataforma do implante. A espessura do anel depende do componente protético utilizado. Ele deve ser inserido entre um implante dentário e um componente protético, além de estabilizado por um parafuso protético, o que evita o contato entre os metais. “As tensões seriam amortecidas por causa da propriedade elástica do material”, explica o inventor da patente.
O polímero foi escolhido para ser a matéria-prima do anel porque possui algumas vantagens em relação a outros materiais, como resistência ao impacto, a produtos químicos e ataques biológicos, auto-lubrificação que dispensa qualquer manutenção, alta absorção de ruído, é livre de corrosões, oxidação ou incrustações.
O Dr. Reynaldo afirma que “o produto pode proporcionar longevidade e qualidade para os implantes, o que impacta em melhor qualidade de vida aos pacientes” e explica que, para ser produzido em escala comercial, o componente ainda passará por inúmeros testes laboratoriais na São Leopoldo Mandic.
Trabalho de aluno avalia distribuição de forças em prótese total fixa superior
Na Odontologia, os tratamentos com implantes já são vistos com altas taxa de sucesso. Pessoas desdentadas na parte superior podem receber quatro implantes e uma prótese fixa para repor todos os dentes. Esta prótese pode ser feita com vários materiais diferentes, sendo o metal (cobalto-cromo), um dos mais utilizados.
Porém, com a necessidade de uma boa estética, um outro material está sendo indicado: a zircônia – uma porcelana branca, que apresenta uma resistência semelhante ao metal e que oferece uma melhor estética.
Este trabalho, realizado pelo aluno do curso de Doutorado em Implantodontia, Rafael Antonio de Campos, orientado pelo prof. Dr. Bruno Salles Sotto-Maior, comparou, por meio de um programa de computador chamado “Elementos Finitos”, a distribuição de forças em uma prótese total fixa superior, suportada por quatro implantes, comparando um modelo com a infraestrutura de cobalto-cromo (metal) e outro em zircônia.
A conclusão foi de que os dois materiais apresentaram resultados semelhantes, podendo ser utilizados sobre implantes com segurança, promovendo sucesso no tratamento.